Essa Cantiga é bem comum em muitas rodas por aí. E o estranho é que cada um canta de uma forma. Maitá, Humaitá, MuayThai, Umaitá etc. O fato mesmo é que muitas músicas de Capoeira é fruto de acontecimentos verídicos do Brasil.
É impossível falar da Fortaleza de Humaitá sem comentar, da Guerra da Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai) contra o Paraguai. Os 3 se uniram contra o Marechal Solano López, depois que ele quis invadir a província argentina de Entre Ríos, e o Brasil, em Mato Grosso e no Rio Grande do Sul (1865-70).
Um dos objetivos desta guerra era o Paraguai conquistar e arrasar a fortaleza de Humaitá que impedia a livre navegação do Paraguai.
Conquista de Humaitá: Em 5 agosto 1868 por forças navais e terrestres brasileiras que resultaram em Anulação da capacidade defensiva estratégica do Paraguai.
O Brasil enviou mais de 100 mil negros escravos para esta Guerra e muitos deles não voltaram. [highlight] A importância deste movimento também representou a oportunidade de liberdade e também de reconhecimento social. Muitos negros Capoeiras não eram voluntários e sim pressionados/forçados a guerrear. [/highlight] O exército brasileiro era tido como “Exército de Macacos.” Os senhores donos de terras eram forçados a “doar” seus escravos negros para as guerras.
Veja uma história interessante que ilustra bem este post e também a influência dos Capoeiras na Guerra do Paraguai, animação feita em escolas da rede pública de Uberlândia, em oficinas de animação realizadas por Luciano Ferreira:
Cantigas com o termo HUMAITÁ:
Há algumas ladainhas que explicam um pouco dessa Guerra e da Capoeira neste movimento:
Música: Sou eu Humaitá
Sou eu, sou eu Humaitá sou eu
Sou eu, sou eu Humaitá
A tão sonhada liberdade
O negro reconquistou
E celebrando a vitória
O grito de guerra ecoou
coro
Seu senhor lhe jurou liberdade
Se ele fosse pra guerra lutar
E o negro foi para o Paraguai
Se juntar ao pelotão Humaitá
coro
Solano Lopez pretendia
O Mato Grosso conquistar
Mas o que ele não sabia é que Caxias
Traria consigo Humaitá
coro
Na batalha de Riachuelo
O negro surpreendeu
Com rasteira e cabeçada
A vitória aconteceu
coro
Na guerra do Paraguai
uma raça se destacou
na destreza e na coragem
muitas glórias conquistou
Havia um negro
o nome Negro Tião
foi pra guerra voluntário
em troca de liberdade
No patanal
a batalha do Tuiuti
Guarani Cerro Corá
ele mostrou o seu valor
Na negativa
rasteira, rabo de arraia
faca de ponta, zagaia
foi ganhando promoção
Mas quis a sorte
e uma lança certeira
o roubou a derradeira
esperança de liberdade
Sangue correu
em pantanais paraguaio
em mais uma terra estranha
um corpo negro tombou
E o seu sangue
não era preto, nem escravo
nem azul, nem de outra cor
Era vermelho
que se espalhou como vento
trazendo um forte alento
para o povo brasileiro
Camaradinha…